Quando os filhos emigram junto
- psicologabmscardel
- 16 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Faz um tempo visitei o Museu da Imigração em São Paulo e me recordo de ver dados sobre como nos dias de hoje o Brasil, que é um país em que imigrações permeiam sua história (nossa história), tem feito um movimento contrário, de êxodo, ou seja, a população tem saído para viver em outros países.
Essa é uma realidade que se aproxima de mim não só porque eu emigrei, mas porque vejo em meu entorno pessoal isso acontecer com alguma frequência, especialmente em razões de transferência no trabalho ou busca de melhores oportunidades.

Às vezes vamos sozinhos, mas acontece também de a família ir no combo e, quando nesse combo temos filhos, a preocupação e adaptação também é com eles.
Na hora da decisão, ou quando estamos contando para familiares e amigos sobre a mudança, as frases que ouvimos para falar da relação das crianças com a mudança de país são sempre muito otimistas, especialmente no que se refere à adaptação com a linguagem.
“Para eles é mais fácil”, “eles pegam o idioma rapidinho”, etc.
Dizer que vai ser rápido é o mesmo que dizer que vai levar um tempo. Seria cruel com a criança negar esse fato. Motivar a criança é uma coisa, negar a existência de que leva tempo para se adaptar às mudanças é outra.
Dizer que é mais fácil para a criança do que para um adulto, é dizer também que existe algum grau de dificuldade e por isso é importante haver um espaço de escuta para que, caso surjam dificuldades, ela possa ser ouvida.
Não negar que existe algum nível de dificuldade e sofrimento pode nos abrir para o acolhimento além de descobertas criativas sobre como lidar com essas mudanças em nós e neles. Porque a verdade é que não existe um manual sobre isso, juntos, o adulto e a criança vão descobrindo sobre o que sabem e o que não sabem, sobre o que conseguem lidar com facilidade ou não, sobre os recursos que possuem ou que podem buscar para lidar as mudanças. Mas antes de tudo isso é preciso não negar que sim, vai haver algum nível de dificuldade e o adulto ajudará muito a criança se tiver a disponibilidade para lidar com ele.